Publicado em: 03/08/2020 22:33:25
Universidade Nacional de Singapura propõe análise matemática em que o controle da Covid-19 se dará em 23 de agosto, no Brasil
Checagem em 01/08/2020
Por Cleisson Vitor
Mês de Agosto iniciando e junto a ele a pandemia do Sars-Cov-2, que atualmente está em seu quarto mês no país, já deixa seu marco na história, seja em relação ao número de mortos, a quantidade de infectados ou os eventos que se seguiram durante o período em todo o globo. Esforços de diversas nações para desenvolver testes e vacinas, assim como testagem de medicamentos já existentes e que possam apresentar eficácia contra o vírus letal são reflexos de um desejo em comum: um fim para a pandemia.
Tendo como finalidade prever o final - ou, ao menos, o controle - do novo coronavírus, a Universidade de Tecnologia e Design de Singapura desenvolveu um cálculo de dados sobre a pandemia e teve como resultado a estimativa de que, entre os meses de Julho e Agosto, já teríamos um controle do vírus em território brasileiro. Aruana recebeu a tarefa de checar os dados previstos pela STDU, cruzando os com os reais dados sobre a pandemia, divulgados por fontes oficiais em conjunto com a opinião de especialistas sobre o material, assim, ponderando se o fim da pandemia no oitavo mês do ano seria um fato.
#Então…
Publicado em 26 de Abril, o estudo tem como base o modelo SIR - um dos mais utilizados em representações de doenças - que é alimentado por dados divulgados pelo Ministério da Saúde brasileiro e de outros 131 países, sendo elaborado por pesquisadores da Universidade de Tecnologia e Design de Singapura (SUTD). Inicialmente, era previsto para meados de junho, 97% das infecções previstas para o Brasil já teriam ocorrido e que em 18 de junho, essa proporção seria de 99%, como apresentado no gráfico abaixo. Essa previsão foi alterada para 20 de agosto, poucos dias após sua publicação.
Gráfico representa a projeção da universidade sobre a evolução do coronavírus no Brasil (Foto: Reprodução)
De acordo com o gráfico, o pico da pandemia do Brasil se daria entre o meio dos meses de Abril e Maio, com quase 4 mil novos casos por dia. Se considerarmos o dia 29 de Maio, na prática, segundo dados do ministério da saúde no mesmo dia, o país registro 6.276 novos casos, haviam sido registrados. O material aponta ainda que 97% das infecções já teriam sido registradas em 6 de junho e 99% em 18 de junho, com uma taxa de novos casos que flertaria, respectivamente, entre 500 e 100. Como mostrado no site da Veja, no balanço do MS do dia 6, registrava-se 27.075 casos e 22.765 em 18 de junho.
Como ressaltado em matéria do site UOL, os próprios pesquisadores que fizeram as análises da previsão alertaram de que as mesmas não deveriam ser levadas como ´´palavra final´´, uma vez que várias outras variáveis não foram previstas no modelo e poderiam influenciar ou não na duração e controle da pandemia, como fatores demográficos específicos de cada país, a suspeita de que a mesma pessoa possa se infectar mais de uma vez e a taxa de adesão ao isolamento social.
Essa afirmação se repete na fala do infectologista João Prats, da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo. Em entrevista para o site R7, o médico afirma: ´´Existem diversos fatores que podem influenciar no comportamento da curva de contágio. O isolamento social, a identificação de pessoas doentes e a imunidade de quem já pegou o vírus uma vez são aspectos que podem achatá-la``.
De acordo com Carlos Fortaleza, infectologista e membro da Sociedade Paulista de Infectologia e professor da Faculdade de Medicina da Unesp, em entrevista para o mesmo site:´´análises como a da Universidade Nacional de Singapura fornecem uma linha de pensamento que pode orientar a criação de políticas públicas``.
Assim, classificamos esta checagem como um #Então, uma vez que, como apontado por Fortaleza e Prats, assim como os próprios desenvolvedores, os dados apresentados nos estudos da SUTD não devem ser considerados como uma regra por conta de sua natureza variável.
Fonte: ARUANA