Publicado em: 22/07/2020 23:58:50
Os testes estariam apresentando falso positivos no município de Ouro Preto DOeste.
Por CADIDJA MEDEIROS
No início de junho, após a secretaria Estadual de Saúde realizar a distribuição de mais de 100 mil testes rápidos em todos os municípios de Rondônia, o prefeito de Ouro Preto D’Oeste, interior de Rondônia, realizou uma transmissão através do perfil do Facebook da prefeitura para falar sobre a realização dos testes no município.
Segundo o prefeito, Vagno Panisoly, os testes não tem precisão. “Estão dando falso positivo, colocando gente que tem que trabalhar em quarentena… Algo está errado, trazendo pânico para a sociedade”. O prefeito considera que o aumento no número de casos nos municípios se deu por conta dos testes rápidos com erro.
A transmissão foi retirada do Facebook da prefeitura, porém o blog Painel Político publicou uma matéria falando sobre o tema e o vídeo está disponível no canal do Youtube do blog. O assunto tomou uma grande proporção em todo o estado e causou uma grande estranheza. Afinal, os testes rápidos funcionam ou não?
#Então...
Para checar se os testes rápidos funcionam nós fomos até o site da Anvisa. O primeiro ponto que precisa ser esclarecido é que o teste rápido por si só não dá um diagnóstico conclusivo. A própria Anvisa nas recomendações sobre o teste afirma que “não é possível utilizar esta informação isoladamente como diagnóstico, sendo recomendada a confirmação por ensaio molecular, onde é possível identificar a presença ou não do vírus na amostra testada”.
Ainda segundo a Anvisa, “é importante salientar que o teste rápido não detecta especificamente o novo coronavírus (Sars-CoV-2), mas sim os anticorpos produzidos pelo organismo depois de a infecção ter ocorrido”. Essas análises da produção de anticorpos poderão ser fundamentais para a comunidade científica poder identificar o comportamento do vírus na sociedade ao longo do tempo, por isso, mesmo em meio a incertezas, o uso de testes rápidos é considerado de extrema importância.
As recomendações são para que o teste seja aplicado dentro da janela imunológica, isto é, após oito dias desde o início da infecção e aparição dos sintomas. Isso porque a produção de anticorpos aumenta a cada dia a partir do início da infecção pelo vírus, por isso é preciso que haja uma quantidade mínima de anticorpos que o teste consiga detectar.
Outro fato que precisa ser salientado é que, segundo a Anvisa, se o teste rápido der positivo isso não significa que você está positivo para o novo coronavírus. “Testes rápidos positivos indicam que você teve contato recente com o vírus (IgM) ou que você já teve Covid-19 e está se recuperando ou já se recuperou (IgG), uma vez que indicam a presença de anticorpos (defesas do organismo). No entanto, os anticorpos só aparecem em quantidades detectáveis nos testes pelo menos oito dias depois da infecção. Ainda assim, o teste pode ser positivo indicando que você teve contato com OUTROS coronavírus e não com o SarsCoV-2 / Covid-19 (falso positivo). Assim sendo, esse teste isolado não serve para diagnosticar (confirmar ou descartar) infecção por Covid-19.”
Da mesma forma, se o teste der negativo não significa que a pessoa não está contaminada, mas que o número de anticorpos produzidos é baixo, sendo insuficientes para detectar em um teste rápido. Por esses motivos o teste rápido não possui o caráter conclusivo, como o PCR por exemplo.
Sobre os testes rápidos distribuídos em Rondônia.
Segundo o detalhamento que recebemos através do e-Sic, o teste adquirido pelo governo de Rondônia “é da Marca Really Biotecnologia, modelo Covid-19 IgG/igM - Rapid Test Device e são acondicionados em caixa com 25 kits para testagem”. Quando perguntado sobre a verificação dos positivados através do exame PCR a Sesau informou que “os testes realizados e com resultados positivos não foram confirmados pelo LACEN, a confirmação do diagnóstico da Covid-19 é dada pela avaliação clínica, aliada ao critério epidemiológico e resultado da testagem. O diagnóstico jamais pode ser dado isoladamente e há de se considerar uma pequena margem de erro, que pode gerar resultado falso negativo. Havendo divergência entre a clínica e o resultado, o paciente deve ser submetido a outro método diagnóstico, para confirmação”.
Dessa forma, considerando as informações publicizadas pela ANVISA e a resposta obtida através do e-Sic a respeito dos testes rápidos distribuídos pelo governo do Estado podemos concluir que, de fato os testes funcionam, porém, para que eles tenham eficácia na apresentação dos dados é necessário seguir todas as condições para sua realização. A partir disso podemos dizer que esta checagem é um #Então.
Fonte: ARUANA