ARUANA

Checagem em 

Por Cadidja Medeiros

A pandemia do novo coronavírus tem afetado não só a saúde dos brasileiros, mas também a situação econômica. Na última semana, o site Observador.com publicou uma matéria afirmando que “pela primeira vez o Brasil possuía mais desempregados do que empregados”. A matéria apresenta dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), divulgados em junho de 2020 com dados do trimestre de março, abril e maio. Segundo a pesquisa, o Brasil estaria enfrentando o pior resultado da história em número de desempregados. 

A matéria, publicada no início de julho, apresenta que o número de ocupados no brasil caiu 8,7%, chegando a 85,9 milhões de brasileiros. No publicação feita pelo site UOL, consta que esse número representa 49,5% da população com idade para trabalhar, sendo essa a primeira vez que ficou abaixo dos 50%. Esse seria o pior resultado desde 2012, quando a pesquisa iniciou. 

#Vacilou

Para verificar esses dados recorremos ao site do IBGE e pesquisamos sobre o trimestre apresentado na reportagem. Os dados estão disponíveis no site do IBGE e fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios contínua (PNAD). A PNAD teve início em 2012 e teve como objetivo “produzir resultados para Brasil, Grandes Regiões, Unidades da Federação, Regiões Metropolitanas que contêm Municípios das Capitais, Região Integrada de Desenvolvimento - RIDE Grande Teresina, e Municípios das Capitais”. 

Antes de realizar verificação dos números apresentados na reportagem é importante explicar ao leitor o que são alguns termos adotados pelo IBGE para a realização da pesquisa. O primeiro é o termo ocupados, que segundo o IBGE, refere-se a empregados (do setor público ou privado, com ou sem carteira de trabalho assinada, ou estatutários), trabalhadores por conta própria, empregadores, trabalhadores domésticos (com ou sem carteira de trabalho assinada), e trabalhadores familiares auxiliares (pessoas que ajudam no trabalho de seus familiares sem remuneração).

Outro termo é o desocupados(pessoas popularmente conhecidas como desempregados), que segundo o IBGE  diz respeito às pessoas que não estão trabalhando, porém tomaram alguma providência efetiva para encontrar trabalho e estão disponíveis para assumi-lo, caso encontrem. Para além desses dois termos existem mais dois que precisam ser esclarecidos nesta checagem, são eles: Força de trabalho potencial e fora da força de trabalho potencial. 

Força de trabalho potencial diz respeito a pessoas que não estão na força de trabalho, mas possuem um potencial para serem integradas a esta força. E existem também as pessoas que estão fora da força de trabalho: donas de casa que não trabalham fora, adolescentes em idade escolar, aposentados e outras pessoas que não têm interesse ou condições de trabalhar. Sendo assim, estas pessoas estão fora da força de trabalho potencial.

Segundo a pesquisa, o número de pessoas ocupadas corresponde a 85,9 milhões, enquanto o número de desocupados é de 12,7 milhões. O número de pessoas na força de trabalho potencial é de 11,8 milhões, já as pessoas que estão fora da força de trabalho correspondem a 74,9 milhões. 

A partir disso é possível afirmar que o site errou ao analisar os dados, pois o número de desempregados não é maior que o número de empregados, isso porque os que estão fora da força de trabalho ou até mesmo os que estão na força de trabalho potencial não se enquadram como desocupados. O número de desocupados no atualmente é de 12,7 milhões de pessoas, muito inferior ao número de ocupados que é de 85,9 milhões. Neste caso essa checagem é um #Vacilou, pois o site fez uma exposição equivocada dos dados divulgados pelo IBGE.