Publicado em: 25/06/2020 18:27:10
Os números apontados pela AROM ainda estavam em atualização no momento da consulta feita e, por isso, mudaram desde então
por JÉSSICA CHALEGRA
Foram divulgados pela Associação Rondoniense de Municípios (AROM) dados que mostram o número de mortes registradas em Rondônia nos anos de 2019 e 2020. De acordo com os comparativos, no primeiro ano citado, o número de óbitos foi maior que o segundo, ainda que em 2020 tenham sido registradas mortes por COVID-19, doença que no mesmo período de 2019, não existia. O texto se refere ao período entre janeiro e maio de 2020, período em que foram registrados 3.259 óbitos, mas no mesmo período em 2019 um número maior de mortes foi registrado: 3.322.
Os dados sobre as vítimas fatais do novo coronavírus passaram a ser publicados a partir de 29 de março, quando houve em Rondônia a primeira morte pela doença.
Além disso, são citados também outros números. O texto diz: “Os óbitos por pneumonia em 2020 somam 438, enquanto em 2019 o número era de 481; a queda também é percebida nos casos de mortes por insuficiência respiratória – 256 (2020) e 311 (2019). Septicemia são 390 neste ano, frente a 422 no ano passado”. O que aumentou foi a quantidade de pessoas que morreram vítimas de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave), que em 2019 foram quatro, mas, em 2020 subiu para 19. Nesse caso, os dados foram colhidos até o dia 3 de junho.
#Então
A iniciativa Aruana buscou informações na fonte citada pela a AROM: o Portal da Transparência. Nele estão os registros civis, desde nascimentos a óbitos. Inclusive, no Painel Registral, há uma página destinada à atualização do número de óbitos em meio à pandemia da COVID-19 (3). Mas, para a checagem foi necessário analisar dois locais de registros, ambos no Portal da Transparência de Registro Civil: o geral, e o especial COVID-19.
Para iniciar, é preciso levar em consideração o prazo de atualização cadastral, que pode levar até 14 dias. No próprio Portal da Transparência é informado que: “A família tem até 24h após o falecimento para registrar o óbito em Cartório que, por sua vez, tem até cinco dias para efetuar o registro de óbito, e depois até oito dias para enviar o ato feito à Central Nacional de Informações do Registro Civil (CRC Nacional), que atualiza esta plataforma”.
Na primeira análise, feita nos registros gerais, apesar de a afirmação feita pela AROM estar correta e a quantidade de óbitos registrados entre janeiro e maio de 2019 ser maior que o mesmo período em 2020, o Portal da Transparência mostrou que os números são diferentes dos que foram apontados no texto da associação.
A soma feita com a informação obtida no Portal da Transparência dos Cartórios aponta que no primeiro período analisado foram registradas 3.337 mortes, e não 3.322 como apontou inicialmente a AROM; já em 2020, esse número foi para 3.317, mas, a AROM havia afirmado que era 3.259.
Os saltos aconteceram nos meses de março e maio. Enquanto no terceiro mês de 2019 os registros de 463 mortes foram inseridos no sistema, no ano seguinte os números subiram para 731. Já em maio a diferença entre um ano e outro é de 91 casos. Os outros meses registraram queda.
Já a pesquisa detalhada do especial COVID-19 mostra números diferentes, mais detalhados, e através dela podemos dizer que a afirmação feita anteriormente pela AROM não era um fato. Se a checagem tivesse sido feita tendo apenas ela como base, seria um #Vacilou, pois mostra que o número de mortes de 2020 superou 2019.
De acordo com o registro especial COVID-19, em 2019 temos os seguintes números de óbitos para cada doença: 0 para COVID; 4 para SRAG; 474 para pneumonia; 303 para insuficiência respiratória; 420 para septicemia; 23 causas indeterminadas; e as demais mortes somam 1.728. A soma total é de 2.952 óbitos no sistema.
Porém, em 2020, há um aumento como é apontado a seguir: 180 para COVID; 19 para SRAG; 443 para pneumonia; 262 para insuficiência respiratória; 393 para septicemia; 19 causas indeterminadas; e as demais mortes somam 1.675. A soma total é de 2.991, 39 a mais que o ano de 2019.
No texto publicado pela AROM há ainda um trecho que fala sobre a checagem ter sido feita tendo como data final o dia 3 de junho. Esta pode ser uma das razões para a inconsistência dos dados apresentados no texto checado e o que foi encontrado por Aruana. O material divulgado pela AROM foi publicado já no dia 4 de junho e, como os dados são referentes ao dia 3 de junho, ainda estavam em atualização, o que é mantido por pelo menos duas semanas, como informado pelo próprio Portal de Transparência do Registro Civil.
No registro geral, não é possível fazer essa busca pelo exato dia, apenas pelo mês, mas, pelo especial COVID-19 o número de mortes registradas em 2020 continua sendo maior que em 2019: respectivamente 3.040 e 3.003. Além disso, com a atualização dos dados referentes a 2020 ainda em curso, no momento do levantamento da AROM, a tendência é que os números do ano corrente sejam menores que o ano anterior, se considerado o período de atualização. Os dados somente são seguros depois de passados os 14 dias previstos para atualização.
Diante disso, podemos dizer que não há como afirmar que a afirmação da AROM é falsa, e nem que é fato, visto que a checagem mostrou que a associação buscou dados nas duas formas de registros, porém, usou apenas uma das pesquisas para fazer a afirmação usada como título da matéria publicada no site da entidade. Por isso, levando em consideração a inconsistência de dados, concluímos que essa checagem é um #Então.
Fonte: ARUANA